terça-feira, março 08, 2005

dia sessenta e dois : 62 : edição especial : cadernos oblíquos # 02 & as paredes têm ouvidos # 37

[ok! e agora...para algo completamente diferente]

três anos depois da obra-prima, os radiohead saciam a incontrolável sede dos fãs e críticos de música que elegeram “ok computer” como um dos melhores álbuns de sempre da música moderna, e cortam drasticamente com o passado, operando uma viragem na sua música e na forma de a produzir.
“kid a” não é definitivamente um álbum fácil. para os mais acomodados, tornar-se-á complexo discernir a cadência taciturna dos radiohead de sempre, pois a dissonância aliada ao experimentalismo electrónico cria ambiências tão tétricas como dançáveis que alargam os horizontes musicais da banda e elevam as expectativas no que respeita ao seu rumo.
os apontamentos atmosféricos de “ok computer” transmutam-se num som etéreo, como que guiados por um metrónomo destrutivo que a destempo vai tornando as melodias atónicas mais abstractas num espaço mental em declínio.
em “the national anthem”, o “loop” do baixo serve de base a uma parafernália instrumental que lembra o caos industrial de uma música mais futurista; enquanto “idioteque” alia a voz monotónica de yorke a várias sequências rítmicas aparentemente lineares. “how to disappear completely” é, a par de “optimistic”, o que neste álbum mais se aproxima dos trabalhos precedentes, essencialmente devido à presença vincada dos arranjos orquestrais de jonhy greenwood.
ao quarto álbum de originais os radiohead subvertem o pop-rock, recriam a electrónica e mantêm a esquizofrenia. [espreitem o inlay]




radiohead : kid a : # 03 the national anthem [ao vivo em chicago] [emi 2000]

[por fdv e
tjm, com especial contributo de ni [pequena lontra] : originalmente para o jornal a cabra # 61, outubro de 2000]

3 comentários:

O Puto disse...

Este disco tem tanto de empático como de surpreendente. Um corte com o passado sem o ser, pela via da esquizofrenia, como bem disseste.

Pequena Lontra disse...

Bem me lembro da primeira vez que o ouvi, foi uma estalada neurastésica!
A discussão que se seguiu em relação à coerência, ao que é bom ou não...
Há sempre gente que não gosta de grandes metamorfoses, nem de surpresas de conceito!!!
Ficarei sempre na dúvida entre o KID A e o Amnesiac.... mas acho que também não tenho que decidir o que prefiro...
obrigada por desenterrares memórias!

gonn1000 disse...

Gosto do disco, mas para mim tem tanto de fascinante como de irritante. De qualquer forma, "How to Disappear Completely" é uma grande canção.