quinta-feira, março 31, 2005

dia oitenta e dois : 82 : diga lá excelência # 04

até aos trinta [anos] tens a cara que deus te deu, depois tens a cara que mereces.

afirmação registada neste filme de miguel gomes.



[música a cargo de mariana ricardo. alguém se lembra do projecto pinhead society?]

terça-feira, março 29, 2005

dia oitenta e um : 81 : as paredes têm ouvidos # 42

gotemburgo. viagem de regresso a 2001 através de the opiates. sonoridade a cargo de thomas feiner e do seu projecto anywhen.

on the last day of summer the sun shines bright

[breve passagem pelas faixas sonoras de the opiates. aqui]

[outras ligações sonoras e informativas serão sempre úteis]

dia oitenta e um : 81 : desligar tomadas da parede # 01

bomba da blogosfera, o estado em que se encontra o teu blog, faz com que já não necessites da minha instalação eléctrica. é já tempo de dinamizares o teu amarelo espaço sem uma tomada na minha parede.

já lá vão os dias do tango

[geometria por fdv]

segunda-feira, março 28, 2005

dia oitenta : 80 : rotação oblíqua # 09

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:

o norte-americano beck edita nos dias que correm um novo trabalho. importa, no entanto, lembrar 2002 e voltar a sea change: obra maior em acordes menores, paradoxal registo lo-fi com sublimes orquestrações em marca d'água. apetece dizer que nunca será uma causa perdida.

this town is crazy, but nobody cares

[detalhe de sea change]

domingo, março 27, 2005

dia setenta e nove : 79 : as paredes têm ouvidos # 41

arrastadas pelos ventos de oeste, as nuvens passam pelos edifícios como grãos de cinza. os edifícios, esses, não irão a lado algum.

ouvir aqui alguns grãos de cinza provenientes da escócia

[fotografia por fdv]

[para ouvir the buildings aren't going anywhere basta clicar na fotografia]

dia setenta e nove : 79 : vida de sebastião [crónica a preto e branco de um cão amarelo # 16]

o estado do tempo não está a ajudar. esta chuva que assenta arraiais por territórios com os quais mantenho uma olfactiva afinidade não me dá muito jeito. tendo em conta a importância que atribuo às incursões por trilhos de controlada marginalidade, esta é uma situação que não me agrada mesmo nada.


[sebastião, o cão amarelo, em plena marginalidade controlada]

[fotografia por fdv]

sábado, março 26, 2005

dia setenta e oito : 78 : tinta por uma linha # 03

no capítulo quarto de o velho que lia romances de amor:

[...] a professora, não de todo de acordo com as suas preferências de leitor, permitiu-lhe que levasse o livro, e com ele regressou a el idilio para o ler mil e uma vezes diante da janela, tal como se dispunha agora a fazer com os romances que o dentista lhe trouxera, livros que esperavam insinuantes e horizontais em cima da mesa alta, alheios à desordenada olhadela a um passado em que antónio josé bolívar proaño preferia não pensar, deixando os poços da memória abertos, para os encher com as venturas e os tormentos de amores mais prolongados que o tempo. [...]



[henri rousseau : le rêve : detalhe]

[texto transcrito de luis sepúlveda : el viejo que leía novelas de amor : 1989]

dia setenta e oito : 78 : user friendly

aos que visitam as paredes oblíquas:

deverá a sonoridade que roda na barra lateral estar em modo play por defeito ou deverá ser um dos recursos facultativos à vossa disposição?

sexta-feira, março 25, 2005

dia setenta e sete : 77 : território da evidência # 13

invariavelmente, cada vez que enfrento um espelho para cortar a pele da face, o conjunto dos pêlos que nascem no rosto desaparece.

uma vez por semana

[fotografia por fdv]

dia setenta e sete : 77 : edição especial : rotação oblíqua # 08 & papel de parede # 10

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:

words like violence
break the silence
come crashing in
into my little world
painful to me
pierce right through me
can’t you understand
oh my little girl

all i ever wanted
all i ever needed
is here in my arms
words are very unnecessary
they can only do harm

vows are spoken
to be broken
feelings are intense
words are trivial
pleasures remain
so does the pain
words are meaningless
and forgettable

all i ever wanted
all i ever needed
is here in my arms
words are very unnecessary
they can only do harm

enjoy the silence

 words are trivial

depeche mode : violator : 06 # enjoy the silence [1990].

quarta-feira, março 23, 2005

dia setenta e seis : 76 : telecaster

é uma destas, por favor. [a escolha da cor é um pormenor esmagado pela ímpar sonoridade desta notável guitarra]

telecaster

[fender telecaster]

terça-feira, março 22, 2005

dia setenta e cinco : 75 : laranja ou cristal?

[sem desconsiderar a questão da escrita fina ou escrita normal]

da conjugação entre as atribuladas vivências de parentes afastados do senhor bic e a banda sonora dos finlandeses lodger, resultam invulgares animações. [esta é um bom exemplo]


clicar para ver video

[a partir de uma interessante sugestão de diane lynch]

dia setenta e cinco : 75 : rotação oblíqua # 07

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:

a sensação produzida no ouvido fica a cargo dos norte-americanos low, que se apresentam ao sector metalúrgico com uma faixa de things we lost in the fire [2001].



[ideias em espiral : patente na instalação]

dia setenta e cinco : 75 : post-it yourself # 02

conceito transversal, post-it yourself traduz liberdade de registo: desde apontamentos desenquadrados até devaneios pertinentes, passando por listas negras ou de mercearia. seja feita a vossa vontade...

sim, é mesmo uma fotografia de um post-it

[fotografia por fdv : patente na instalação]

segunda-feira, março 21, 2005

dia setenta e quatro : 74 : rotação oblíqua # 06

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:


acidentalmente captada e quase imperceptível na fotografia, chegou a água que cai em gotas da atmosfera. tom jobim & elis regina que o digam.

grandes observadores facilmente identificam gotas de chuva na escuridão

[fotografia por fdv]

domingo, março 20, 2005

dia setenta e três : 73 : território da evidência # 12

chove lá fora. no final, o inverno dará lugar à primavera. lentamente, a passo de caracol, como se impõe na chegada de uma estação de transição. são as águas de março. será o fim do caminho?

caracol, três quartos à direita

[fotografia por fdv : patente na instalação]

dia setenta e três : 73 : vida de sebastião [crónica a preto e branco de um cão amarelo # 15]

indiferente ao absurdo da existência humana, vou vaguear para a rua. não raras vezes, a utilidade canina de uma tarde de domingo consiste na simples distracção. vai solta, a vida de um cão amarelo.

bola amarela para cães, também utilizada por tenistas
[sebastião, o cão amarelo, fora do enquadramento]

[fotografia por fdv]

dia setenta e três : 73 : rotação oblíqua # 05

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:



criação com a mesma idade do autor destes registos analógicos em formato digital, by this river, de brian eno, encerra o filme la stanza del figlio [o quarto do filho] de nanni moretti [2001].

sexta-feira, março 18, 2005

dia setenta e um : 71 : rotação oblíqua # 03

quase a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:

por onde andam os vossos conhecimentos sobre os pixies?

[breve questionário aqui].

clicar ouvir a sonoridade

[geometria por fdv]

quinta-feira, março 17, 2005

dia setenta : 70 : setenta segundos

[este post deve ser entendido como um espaço de tempo onde o leitor poderá imaginar o que quiser]

quarta-feira, março 16, 2005

dia sessenta e nove : 69 : vida de sebastião [crónica a preto e branco de um cão amarelo # 14]

escrevo sob protesto. foi um dia demasiado atarefado. deambular pela rua cansa. o mesmo efeito tem o acto de perseguir bolas de borracha cobertas de feltro amarelo [que alguns, conhecedores da sua funcional utilidade canina, teimosamente apelidam de bolas de ténis].
não raras vezes, tenho necessidade de recuperar energias e a via da escrita não é a melhor para o fazer. a propósito da minha aparente vontade de dormir, certo e determinado indivíduo [a quem envio um abraço], já me diagnosticou narcolepsia. descansem os mais preocupados; é apenas uma questão de cariz fotográfico [a minha incomensurável fotogenia é ainda maior quando estou a dedicar ao sono um certo espaço de tempo].

[sebastião, o cão amarelo, em modo low]

[fotografia por fdv]

terça-feira, março 15, 2005

dia sessenta e oito : 68 : edição especial : cadernos oblíquos # 03 & rotação oblíqua # 02

a propósito da sonoridade que roda na barra lateral:

[prelúdio da noite]

em julho do ano passado, dois dias depois de uma actuação em portugal, um ataque cardíaco durante um concerto terminou com a vida de mark sandman e pôs fim a um dos mais inovadores e singulares projectos que a década de noventa viu nascer. mas sandman não partiu sem nos deixar, quase em segredo, o registo de um dos seus mais importantes legados para a música. já concluído aquando da fatídica noite de julho, the night foi gravado com produção própria no estúdio da banda [o que aconteceu pela primeira vez], sendo que mark sandman escreveu e compôs ao longo de dois anos um belo conjunto de onze temas muito pessoais e tocantes.
a voz arrastada de sandman deambula ao longo de todo o álbum, funcionando como elemento preponderante de um ambiente musical particularmente denso e soturno, magistralmente acompanhada pelo saxofone de dana colley – facto bem patente em souvenir, onde este surge inicialmente distante, enquanto que a bateria de billy conway assume o principal papel, evoluindo para um excelente solo; ou ainda em top floor, bottom buzzer, onde o saxofone abandona uma certa melancolia e se entrega a sonoridades mais cadenciadas.
rope on fire é uma das melhores faixas de todo o álbum, destacando-se por uma sonoridade que se afasta da homogeneidade rítmica e instrumental das restantes composições, sendo marcada por um orientalismo cuja construção assenta na entoação vocal de sandman e no recurso a instrumentos para além dos habituais saxofone, bateria e baixo de duas cordas: caso do violoncelo, da guitarra acústica e da viola-de-arco.
por último, o tema de abertura, que dá nome ao álbum, salienta-se pelo intimismo lírico [you´re a bedtime story/the one that keeps the curtains closed/and i hope you´re waiting for me/cause i can´t make it on my own].
este último álbum marca um claro passo no sentido de reinventar uma sonoridade onde o rock e o jazz se entrecruzam, espelho da preocupação dos morphine em não ficar presos a um único modelo que, apesar de bem sucedido, poderia acabar por se tornar redutor para a própria banda.



[por fdv e tjm: originalmente para o jornal a cabra # 56, fevereiro de 2000]

segunda-feira, março 14, 2005

dia sessenta e sete : 67 : erosão diferencial

tomando como ponto de partida a temática da erosão [lançada nas recomendáveis coisas do puto], poder-se-ão considerar as faixas musicais como pequenas partículas, componentes de uma rocha que apelidamos de álbum.

algumas dessas partículas sofrem, por acção de agentes naturais ou [com maior preponderância na erosão musical] das actividades humanas, um processo pelo qual se separam da sua localização original. assim, são transportadas e depois depositadas noutro local. alguns desses locais são [quase propositadamente] inacessíveis ou esquecidos, outros desses locais são constantemente revisitados e fazem parte dos caminhos sonoros que cada um procura trilhar.



[relativamente a bandas e aos respectivos álbuns, há-os para todos os gostos: uns mais magmáticos, outros mais sedimentares e outros, ainda, mais metamórficos. mas isso será tema de outras conversas; não?]

[fotografia por physical geography]

dia sessenta e sete : 67 : as paredes têm ouvidos # 39

regresso.



termino um óptimo final de semana com este prenúncio de uma boa semana.

[fotografia por fdv]

sábado, março 12, 2005

sexta-feira, março 11, 2005

dia sessenta e cinco : 65 : as paredes têm ouvidos # 38

caminho traçado em direcção a coimbra. por estradas como esta.


bom fim de semana.



[fotografia por lpm]

quinta-feira, março 10, 2005

dia sessenta e quatro : 64 : rotação oblíqua # 01

rubrica a propósito da sonoridade que roda na barra lateral.

já foi recomendado, mas deve ter escapado aos ouvidos de muitos [particularmente aos de quem nunca por estes registos passou]. novo destaque, portanto. [quando se fartarem, avisem. o que não significa uma imediata troca de faixa]




[especial agradecimento a diane lynch]

[aspectos técnicos relacionados com o template levaram à omissão do botão de volume, constrangimento facilmente ultrapassado com um simples clicar da tecla direita do rato sobre o leitor da barra lateral]

dia sessenta e quatro : 64 : papel de parede # 08

tem ratos
tem ratos
tem ratos
vivem escondidos
nos nossos sapatos

tem ratos

vivem escondidos
nos nossos sapatos
roem-nos os dedos

tem medos

tem medos
vivem escondidos
nos nossos segredos



sérgio godinho : à queima roupa [# 05 tem ratos]

[desenho gentilmente cedido por vitriolica]

quarta-feira, março 09, 2005

dia sessenta e três : 63 : vida de sebastião [crónica a preto e branco de um cão amarelo # 13]

ainda na temática dos recursos naturais e produção de resíduos: pela autoridade que a forma da minha cauda me garante, reforço a pertinência da questão levantada pela amiga pequena lontra. nas suas palavras, registe-se a importância de evitar a engorda do contingente de resíduos que estão a causar problemas [bastante maiores, sublinha].

agora vou treinar até à rua [que palavra tão mágica, não me canso de a ouvir], porque a vida de sebastião não se resume a um mero apontamento digital [ou a uma narcolepsia de fachada]. há muito para correr nestes diáfanos caminhos sebastianinos [por oposição aos trilhos toldados de nevoeiro d'el rei, que pelo norte de áfrica se finou].


[sebastião, o cão amarelo, e a sua proeminente cauda de lontra]

[fotografia por fdv]

dia sessenta e três : 63 : serviço público # 06

para emagrecer o desperdício dos recursos naturais:

[1] lavar a embalagem;

[2] escorrer a embalagem;

[3] abrir a embalagem;

[4] espalmar a embalagem;

[5] verificar conhecimentos [aqui];

[6] colocar a embalagem no respectivo ecoponto.

terça-feira, março 08, 2005

dia sessenta e dois : 62 : edição especial : cadernos oblíquos # 02 & as paredes têm ouvidos # 37

[ok! e agora...para algo completamente diferente]

três anos depois da obra-prima, os radiohead saciam a incontrolável sede dos fãs e críticos de música que elegeram “ok computer” como um dos melhores álbuns de sempre da música moderna, e cortam drasticamente com o passado, operando uma viragem na sua música e na forma de a produzir.
“kid a” não é definitivamente um álbum fácil. para os mais acomodados, tornar-se-á complexo discernir a cadência taciturna dos radiohead de sempre, pois a dissonância aliada ao experimentalismo electrónico cria ambiências tão tétricas como dançáveis que alargam os horizontes musicais da banda e elevam as expectativas no que respeita ao seu rumo.
os apontamentos atmosféricos de “ok computer” transmutam-se num som etéreo, como que guiados por um metrónomo destrutivo que a destempo vai tornando as melodias atónicas mais abstractas num espaço mental em declínio.
em “the national anthem”, o “loop” do baixo serve de base a uma parafernália instrumental que lembra o caos industrial de uma música mais futurista; enquanto “idioteque” alia a voz monotónica de yorke a várias sequências rítmicas aparentemente lineares. “how to disappear completely” é, a par de “optimistic”, o que neste álbum mais se aproxima dos trabalhos precedentes, essencialmente devido à presença vincada dos arranjos orquestrais de jonhy greenwood.
ao quarto álbum de originais os radiohead subvertem o pop-rock, recriam a electrónica e mantêm a esquizofrenia. [espreitem o inlay]




radiohead : kid a : # 03 the national anthem [ao vivo em chicago] [emi 2000]

[por fdv e
tjm, com especial contributo de ni [pequena lontra] : originalmente para o jornal a cabra # 61, outubro de 2000]

dia sessenta e dois : 62 : as paredes têm ouvidos # 36

acordar e tropeçar no cão amarelo. um bom começo para um dia como este.


silêncio, o cão amarelo está a dormir
. [novecentas e noventa e três palavras mais e esta observação materializar-se-ia numa imagem]



[fotografia-escrita por fdv]

segunda-feira, março 07, 2005

dia sessenta e um : 61 : as paredes têm ouvidos # 35

tal como s.a., há dias em que também imagino habitar espaços urbanos que desconheço [alguns dos quais a preto e branco]. reiniciar poderá ser um dos prováveis significados. invulgar diagnóstico de uma não menos inusitada city sickness poderá ser outro dos prováveis significados. fica o registo.



[fotografia por fdv]

domingo, março 06, 2005

dia sessenta : 60 : edição especial : diga lá excelência # 03 & território da evidência # 11

tempo é dinheiro: o meu automóvel vai dos zero aos cem quilómetros/hora em vinte e sete cêntimos. [ideia original por hmp].



[fotografia por jacques henry lartigue]

dia sessenta : 60 : as paredes têm ouvidos # 34

elliott smith envia blackbird, um original por the beatles.



[fotografia por argus]

sábado, março 05, 2005

dia cinquenta e nove : 59 : vida de sebastião [crónica a preto e branco de um cão amarelo # 12]

hoje destaco mais uma agitada incursão no admirável espaço exterior, também conhecido por rua [essa palavra mágica]. já sem luz natural, depois da habitual personalização de rodas de automóveis, decidi implicar com a briosa, a minha amiga gata que se julga dona do mundo [aspecto transversal à sociedade felina, mas não exclusivo desta]. a perseguição resultou num proveitoso exercício que me valeu um merecido biscoito [essa outra palavra mágica]. agradam-me os sábados, dias em que um cão se sente particularmente dinâmico.

[sebastião, o cão amarelo, persegue briosa, a gata de bola]

[fotografia por fdv]

dia cinquenta e nove : 59 : as paredes têm ouvidos # 33

das sonoridades intricadas na melancolia do subsolo, early day miners extraem autumn wake, uma recapitulação de conteúdos sobre novas oportunidades para as áreas rurais, no final deste inverno.



[desafio quem escuta estas paisagens a deixar a sua marca de água, sob a forma de tijolo.]

[fotografia por national geographic magazine]

sexta-feira, março 04, 2005

dia cinquenta e oito : 58 : as paredes têm ouvidos # 32

infelizmente, a orquestra recusou.



silêncio, que se vai ouvir a liga. respirar, aqui.

dia cinquenta e oito : 58 : território da evidência # 10

não raras vezes, há dias com a cabeça nas nuvens.



[fotografia por fdv]

dia cinquenta e oito : 58 : território da evidência # 09

a ausência segue um percurso paralelo à presença.











[não-fotografia por fdv]

quarta-feira, março 02, 2005

dia cinquenta e sete : 57 : edição especial : cadernos oblíquos # 01 & as paredes têm ouvidos # 31

[a melancolia do tempo e da noite]

madrid e toda uma imensidão de nada, despojos de aridez, elementos de desolação, a solidão de uma cidade perdida na noite, dois homens bêbados esquecidos da vida....ao fundo os primeiros acordes de “fortune’s show of our last”, do terceiro álbum do projecto migala.
no país do flamenco e de uma alegria generalizada, os migala, colectivo de seis músicos espanhóis, apresentam no novo álbum “arde” uma poesia nocturna que transborda melancolia, tragédia e saudade, feita de gestos sem pressa e de uma incessante busca de tranquilidade. “arde” é um conjunto de pequenas histórias feitas de múltiplas sonoridades que compõem um imaginário onde o tempo atravessa a noite e em que a cada momento somos confrontados com verdadeiros ambientes cinemáticos, cujo quase realismo assenta num inteligente (mas moderado) recurso aos samplers.
os migala desenvolvem uma sonoridade onde os mais atentos irão descobrir inúmeros pontos de contacto com alguns nomes de culto como será o caso de leonard cohen, nick cave ou tindersticks, sendo que esta musicalidade, repleta de influências, reflecte uma profundidade e simplicidade lírica desarmante. os arranjos, de uma qualidade inquestionável, são elemento preponderante na construção desta música calma, arrastada, feita de crescendos e plena de derivações paisagísticas.
sons sussurrados, um crooning próximo da estética tinderstickiana, um spoken word na linha de nick cave, o violoncelo arrastado e pesaroso, guitarras melodiosas e o acordeão fazem de “arde” um trabalho extremamente recomendável para quem gosta de sonoridades melancólicas e taciturnas.


migala : arde : # 10 the guilt [acuarela 2001]

[por fdv e tjm : originalmente para o jornal a cabra # 68, abril de 2001]

dia cinquenta e sete : 57 : edição especial : [...for martha...] & papel de parede # 07

staring at the sea
will she come?
is there hope for me?
after all is said and done

anything at any price
all of this for you
all the spoils of a wasted life
all of this for you

all the world has closed your eyes
tired faith all worn and thin
for all we could have done and all
that could have been

ocean pulls me close
her whispers in my ear
the destiny have chose
all becoming clear

the currents have less say
the time is drawing near
washes me away
makes me dissapear

i descend from grace
in arms of undertow
i will take my place
in the great below

i can still feel you
even so far away



trent reznor

nine inch nails
: the fragile [#12 : the great below]

[fotografia por fdv : pormenor do original de david carson em the fragile]

terça-feira, março 01, 2005

dia cinquenta e seis : 56 : território da evidência # 08

não há lugar para a solidão quando é verdadeiramente nosso o que de nós nos outros fica.



[fotografia por fdv : patente na instalação]

dia cinquenta e seis : 56 : edição especial : serviço público # 05 & as paredes têm ouvidos # 30

entre outros conteúdos de qualidade, aponto aqui a óptima recensão a the fragile [registo de 1999, por nine inch nails].



[perspectiva sobre # 03 the frail e # 04 the wretched]

dia cinquenta e seis : 56 : ruc

rádio universidade de coimbra: aniversário # 19.



sempre no ar. parabéns.

dia cinquenta e seis : 56 : post inopinado

vitória, vitória
chegou o momento
de anunciar
o aprisionamento
do monstro
flagelo do nosso sossego
tão precioso
- monstro horroroso!

andar pela ruas
de madrugada
sem se saber
em quem dar traulitada
sem nada
que valha a pena assinalar
ou levar para a esquadra
- nadinha de nada!

às vezes parece
que nada resulta
queres passar multas
e pedem desculpa
que azar
não dão uma chance a um polícia
de se esmerar
- raio de azar!



letra por sérgio godinho, música por jorge constante pereira

sérgio godinho : sérgio godinho canta com os amigos de gaspar
[ # 12 fracassos e façanhas do guarda serôdio]