colocando de parte a questão das fotografias, a renovação do bilhete de identidade pode tornar-se, em muitos casos, um momento de catarse [entendida como síntese expurgatória] de toda a dinâmica institucional.
considero agradável a falta de conhecimento da [eventual] qualificação ou formação dos quase-catatónicos funcionários que automaticamente referem um número em voz alta, ouvem boa tarde, exclamam boa tarde, mandam sentar, solicitam fotografias, cortam fotografias, colam fotografias, solicitam o indicador direito do cidadão, colocam tinta no indicador direito do cidadão, forçam o indicador direito do cidadão contra um primeiro pedaço de papel, voltam a agarrar o indicador direito do cidadão, voltam a colocar tinta no indicador direito do cidadão, forçam o indicador direito do cidadão contra um segundo pedaço de papel, ofertam toalhetes com aroma de limão, esboçam uma pequena e [à partida] insignificante cruz no segundo pedaço de papel, apontam para a [à partida] insignificante cruz, são questionados acerca da utilidade da [à partida] insignificante cruz, informam que a [à partida] insignificante cruz indica o local onde o cidadão deve assinar [como se este não soubesse estabelecer a correlação entre a indicação assinatura que consta no papel e o acto de assinar o mesmo], indignam-se com a exigência de um novo segundo pedaço de papel onde não figure a [à partida] insignificante cruz, entregam contrariados um novo segundo pedaço de papel onde não figura a [à partida] insignificante cruz, ficam de trombas, exigem um determinado pagamento, afirmam a sua preferência por dinheiro trocado, recebem mais que o pagamento determinado, devolvem a respectiva demasia, informam uma demora de quinze dias, ouvem boa tarde, exclamam boa tarde e dão por terminada a sua tarefa.
1 comentário:
confesso que fui ver kual a validade do meu bi...2007! va lá !! pode ser k entretanto....passem mais 2 legislaturas cá pelo burgo...(brilhante).
www.filipenoporto.blogspot.com
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